Garoto odiado pelos amigos quer brincar de polícia e ladrão. Eles deixam, mas sempre o matam primeiro. Ele nunca sequer atirou com seus dedos, não teve tempo pra isso. Depois de muito treinar, dias a fio, resolveu voltar a brincar, com a permissão dos outros. Lá foi ele, um policial correndo para a morte, mas, desta vez, estava esperto. Desviou de todos os tiros falsos, dos vários sons de boca, de “buns” e “claque claques”.
Até que ficou sozinho. Desviando de um por um, acabou ganhando. Os garotos nem se queixaram, só deram de ombros. Pois se é ele quem ganha, pelo jeito a brincadeira perdeu a graça.
Pobre engano de todos, ainda havia um ladrão preso no próprio esconderijo. De tão bom, quase não saiu de lá, mas, quando o fez, encontrou o até então vencedor sozinho no campo de batalha, ainda com suas mãos em posição de arma, fugindo de um monte de nada.
Texto e arte: William Lopes